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Justiça Climática, gênero e sonhos.

Atualizado: 19 de abr. de 2023

A luta por justiça climática, também passa pelas questões de gênero.


Em 2013, tive a honra de conhecer uma das mais notáveis professoras do planeta, a Dra. Sylvia Chant, que lecionava na London School of Economics, em uma disciplina sobre pobreza e o Sul Global. Além de ser uma acadêmica notável, o que mais me impressionou nela foi a sua humanidade. As aulas eram divididas em palestras e seminários, nos quais a Dra. Chant fazia explanações para todos os alunos inscritos em seu curso - cerca de 160 estudantes - nas palestras, enquanto nos seminários tínhamos a oportunidade de discutir temas em grupos menores, com a orientação dos professores.

Na primeira palestra, a Dra. Chant pediu que preenchêssemos um questionário com perguntas sobre nossa vida profissional e pessoal, além de um espaço para incluirmos uma foto. No primeiro dia de seminário, ela ficava na porta da sala e cumprimentava cada aluno pelo nome, pois decorou os nomes de todos a partir dos questionários que preenchemos. Ela também usava exemplos da vida profissional de cada aluno para conduzir todas as aulas, o que demonstrava sua incrível capacidade de memória.

Sylvia era uma pessoa que viajou o mundo todo, inclusive o Brasil, e conseguia me dar exemplos de comunidades e favelas que eu conhecia, tornando suas aulas as melhores do mestrado. Além disso, os temas eram super interessantes, e um deles que mais me chamou a atenção foi a questão de gênero e justiça climática.

A justiça climática é um conceito que se refere à necessidade de equidade no enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas. Isso significa que as pessoas que são mais afetadas pelas mudanças climáticas, como as comunidades pobres, as populações indígenas e os países em desenvolvimento, devem ter acesso a recursos e tecnologias para se adaptar e mitigar os efeitos dessas mudanças.

O direito de sonhar está relacionado ao direito à liberdade e à imaginação. É a ideia de que todas as pessoas têm o direito de sonhar e imaginar um futuro melhor para si mesmas e para o mundo. Esse direito é especialmente importante para as pessoas que vivem em situações de desigualdade e injustiça, pois muitas vezes elas não têm acesso aos recursos e oportunidades necessários para alcançar seus sonhos.

A justiça climática e o direito de sonhar estão intimamente ligados, pois as mudanças climáticas afetam desproporcionalmente as pessoas que já vivem em situações de vulnerabilidade e desigualdade. Para que essas pessoas tenham o direito de sonhar, é necessário que sejam garantidas condições de vida dignas e seguras, que incluem a proteção contra os impactos das mudanças climáticas.

Além disso, a justiça climática também está relacionada ao direito das gerações futuras de terem um planeta habitável e saudável. Isso significa que devemos tomar medidas urgentes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e proteger os ecossistemas naturais, para que as pessoas possam continuar sonhando com um futuro sustentável e próspero para todos.



Gênero e Justiça Climática


É importante destacar que a justiça climática também tem uma dimensão de gênero. As mudanças climáticas afetam de maneira diferente homens e mulheres, de acordo com suas realidades sociais, econômicas e culturais. Por exemplo, as mulheres geralmente têm menos acesso a recursos, como água potável e alimentos, o que as torna mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas.

Além disso, as mulheres muitas vezes são as principais cuidadoras das famílias e das comunidades, o que aumenta sua responsabilidade na gestão dos recursos naturais e no enfrentamento dos impactos das mudanças climáticas. No entanto, elas muitas vezes não são incluídas nas decisões e políticas relacionadas ao clima, o que limita sua capacidade de contribuir para soluções sustentáveis.

Portanto, a justiça climática deve levar em consideração as questões de gênero e garantir a igualdade de acesso aos recursos e oportunidades para homens e mulheres. Isso inclui a participação ativa das mulheres em processos de tomada de decisão e ações climáticas, bem como a garantia de que as políticas climáticas levem em conta as realidades e necessidades específicas das mulheres.


Como podemos melhorar a participação feminina nas questões climáticas?

Há várias maneiras de melhorar a participação das mulheres nas mudanças climáticas, algumas delas são:

  1. Incluir as mulheres na tomada de decisão: é importante garantir que as mulheres tenham representação significativa em todos os processos de tomada de decisão relacionados às mudanças climáticas, desde a elaboração de políticas públicas até a implementação de projetos de mitigação e adaptação.

  2. Fornecer acesso a recursos e tecnologias: as mulheres muitas vezes têm menos acesso a recursos, como terra, água, crédito e tecnologias. Garantir que as mulheres tenham acesso igualitário a esses recursos é fundamental para aumentar sua capacidade de lidar com as mudanças climáticas.

  3. Fortalecer as habilidades e conhecimentos das mulheres: muitas vezes, as mulheres têm conhecimentos e habilidades valiosas relacionados à gestão dos recursos naturais, mas não são reconhecidas. Fortalecer essas habilidades e conhecimentos pode ajudá-las a se tornarem líderes na gestão sustentável dos recursos e na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

  4. Abordar as desigualdades de gênero: as desigualdades de gênero existentes na sociedade muitas vezes se refletem na forma como as mulheres são afetadas pelas mudanças climáticas e em sua capacidade de lidar com essas mudanças. Abordar essas desigualdades é fundamental para garantir que as mulheres possam participar plenamente das soluções climáticas.

  5. Incentivar a participação das mulheres em movimentos e organizações climáticas: é importante que as mulheres sejam incentivadas a participar de organizações climáticas e movimentos, para que possam se envolver na construção de soluções climáticas e contribuir com sua expertise e perspectivas únicas.

A Fábrica dos Sonhos busca em um de seus grupos de trabalho equilibrar questões de gênero e justiça climática. Nosso trabalho em nossa sede rural e também o trabalho que realizamos em escolas é fundamental para criar uma cultura do bem viver e garantir o direito de sonhar para todas mulheres.

Conheça nossos projetos, visite nosso site e apoie essa causa! Visite nosso site: www.fabricadossonhos.net

Acesse nosso Instagram e Facebook: @realizecomafabrica


Texto: Herbert Santo de Lima

Herbert, mais conhecido como Herbie, é biólogo, mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela London School of Economics (LSE), especialista em sustentabilidade, jogos cooperativos e cultura de paz, e sonha em plantar seu próprio alimento.




A Fabrica dos Sonhos não se responsabiliza pela opinião dos autores.


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